Campanha alerta sobre violências
contra mulheres na adolescência
15/01/2018 - 14:30

As mulheres e meninas são as principais vítimas de violências domésticas, sexuais e outras violências. Conforme dados registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), elas representam 65,85% do total de vítimas. Entre as pessoas de 15 a 19 anos, as meninas são 62,3% das vítimas de violências notificadas pelo Sinan entre 2010 e 2015. No Paraná, em 2015, a taxa de gravidez na adolescência era mais que o dobro da taxa de países europeus.

Diante desse panorama e por conta do alcance da internet e redes sociais, a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social lança nesta quinta-feira (11) a campanha “Você Pode Mais – Falando com o Jovem”. A ação educativa busca impactar principalmente o público adolescente com um filme exclusivo para veiculação nas redes sociais.

O superintendente de Garantias de Direitos da Secretaria da Família, Leandro Meller, afirma que pessoas nessa faixa etária costumam ser mais suscetíveis à sugestão dos outros. “A falta de experiência ou conhecimento sobre relacionamentos leva principalmente meninas a caírem em armadilhas, que podem comprometer seu estado emocional ou mesmo sua vida”, diz Meller.

SORORIDADE – Quatro youtubers convidadas participaram de uma experiência angustiante no formato “escape game”. A missão era ajudar uma amiga a escapar da violência, em apenas 60 minutos. No roteiro, foram incluídas situações como envio de fotos privadas por aplicativo de mensagem, sexo forçado, gravidez e casamento precoce.

A ideia do “escape game” foi criar a tensão parecida com as vivenciadas por meninas expostas a violências e estimular a sororidade – união e empatia entre mulheres - , companheirismo e solidariedade. Dessa forma, busca-se a empatia das seguidoras das youtubers para que fiquem alertas aos riscos e consigam evitar e escapar de situações que podem comprometer suas vidas.

Esta ação dá sequência à campanha lançada em novembro do ano passado “Você Pode Mais” que alerta sobre as violências “invisíveis” contra a mulher que muitas vezes são socialmente aceitas. “Nesta nova peça direcionada a garotas, reforçamos que pedir ajuda é a melhor forma de combater a violência”, explica Ana Claudia Machado, coordenadora da Política da Mulher, da Secretaria da Família.

RISCOS - No Brasil, a cada 100 mulheres de 15 a 19 anos, seis sofrem violência sexual, de acordo como relatório “Ending Violence in Childhood”, divulgado pelo Global Report no ano passado. O IBGE ressalta a taxa de fecundidade nessa faixa etária, por envolver adolescentes. No Paraná, a taxa é de 52,6 filhos por 1.000 mulheres, menor que o índice brasileiro, mas superior aos 25 registrados na Europa e América do Norte.

Casamentos precoces e a diferença de números entre gêneros também preocupam. No Paraná, menos de 1% dos homens que se casaram em 2016 tinham entre 15 e 19 anos, entre as meninas esse percentual superou os 12%.

Outro risco, difícil de ser mensurado, é a exposição da intimidade em fotos em redes de troca de mensagens. Esse artifício pode ser usado para chantagear a adolescente, forçando-a a se submeter a algum tipo de violência, ou apenas para prejudicar a garota, frente a seus familiares ou à comunidade.

O filme será veiculado até 28 de fevereiro e terá como alvos adolescentes e jovens de 14 a 21 anos, nas redes socais mais frequentadas por este público.

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