Com apoio da Emater, mulheres conquistam protagonismo no campo 21/10/2016 - 10:20

A Emater, órgão da Secretaria de Estado da Agricultura, e a Prefeitura de Apucarana promovem nesta quinta-feira (20) o 23° Encontro Regional da Mulher Rural, que reúne mais de 500 agricultoras e trabalhadoras do campo de 13 municípios da região. O objetivo da iniciativa é promover o debate e troca de informação entre as participantes, visando o empoderamento das mulheres rurais e aumento da participação delas no processo de desenvolvimento.

Para o gerente regional da Emater, Cristovon Videira Ripol, as mulheres são consideradas sujeitos sociais fundamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar; por isso, consideradas um dos públicos prioritários do serviço oficial de assistência técnica e extensão rural. "Nesse sentido, o Encontro significa uma oportunidade para fortalecimento de diversas ações que podem estimular e impulsionar o crescimento econômico e social das comunidades rurais, sempre em consonância com as prioridades da própria Secretaria de Estado da Agricultura".

A extensionista social Jandira Lourdes Valmorbida, que coordena a organização do evento, explica que graças à participação nos encontros regionais promovidos pela Emater desde 1994 e nas reuniões e cursos promovidos pelos técnicos do Instituto nas comunidades, muitas mulheres agricultoras deixaram de exercer uma função apenas auxiliar na vida do sítio e passaram ao papel de protagonistas. "Posso exemplificar isso com o caso de uma família cujo o homem era criador de gado de leite e tocava o negócio praticamente sozinho. A mulher dele, após ser encorajada pela participação nos debates, resolveu empreender. Com nossa orientação, investiu numa agroindústria de panificação. O negócio deu certo e hoje seu marido praticamente largou da bovinocultura de leite para reforçar a equipe que trabalha e administra o novo empreendimento familiar".

O Encontro hoje vai abrir espaço para a apresentação de várias experiências como essa. "Queremos que essas mulheres rurais expressem a sabedoria que possuem, compartilhando o conhecimento em dinâmicas especiais".

O coordenador regional, José Francisco Lacerda, comenta que o investimento em pequenas agroindústrias tem sido a principal estratégia encontrada pelas mulheres agricultoras e trabalhadoras rurais para conquistar maior emancipação econômica. "Esses negócios giram em torno das padarias e das agroindústrias que fazem o processamento mínimo de hortaliças e frutas. A produção geralmente é vendida em feiras e para o Programa Nacional de Alimentação Escolar e Programa de Aquisição Alimentos da agricultura familiar".

O extensionista explica que apenas no espaço rural de Apucarana já existem 9 panificadoras cujas proprietárias são mulheres agricultoras. "E todas elas construídas e equipadas seguindo critérios técnicos e também todas elas legalizadas".

Outro assunto que está em debate no Encontro é o problema da sucessão familiar. "Por tradição e cultura, os negócios nas propriedades rurais, geralmente, são administrados pelo chefe da família, que é o homem. É ele que negocia a contratação do crédito, compra os insumos e vende a produção. O jovem e a mulher, como já dissemos, exercem um papel secundário nesse mundo. Com mais liberdade de escolha, o jovem então faz a opção por deixar a família em busca de novas oportunidades na cidade. A dúvida que fica: quando os pais envelhecerem, quem vai continuar o trabalho na propriedade?", comenta Lacerda. Outro motivo para o êxodo do jovem agricultor do campo para a cidade é a maior oferta de serviços de lazer e educação no meio urbano.

Segundo o técnico da Emater, ao debater o assunto nos encontros com outras mulheres e especialistas que estudam essa realidade, a mulher fica mais capacitada para promover a discussão da questão no sei do lar. "E também aqui encontramos exemplos de jovens que deixaram a família e depois retornaram para ser parceiro da própria mãe na condução de novos empreendimentos não agrícolas mas realizado no espaço rural", finaliza Lacerda.

Através de atendimento direto ou com a realização de eventos coletivos, como encontros, seminários, cursos, reuniões e dias de campo, a Emater atende durante o ano um público que chega a 112 mil pessoas. Ente elas estão 3 mil jovens agricultores e quase 9 mil agricultoras.

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