DIA DA MULHER: Regina Amasiles Rodrigues Costa é símbolo do trabalho da Seds 08/03/2017 - 11:10

Poucas mulheres têm prenomes tão apropriados como Regina Amasiles Rodrigues Costa, 75 anos, secretária executiva dos conselhos estaduais abrigados na Secretaria da Família e Desenvolvimento Social (Seds): Regina Amasiles vem do latim e significa “rainha amável”.

Não escapam aos olhos dos colegas o porte altivo, os gestos educados e a cortesia com que ela trata funcionários e visitantes. À frente de uma equipe de jovens, desempenha a função de secretária executiva de nada menos que cinco conselhos: o Estadual de Assistência Social e os de direitos da Criança e do Adolescente, do Idoso, da Mulher e da Pessoa com Deficiência.

Receber todo mundo, assistir a todas as reuniões, preparar as atas, dar orientações, acalmar os ânimos e exaltar os mínimos sucessos – eis Regina, em meio à correria de todo dia, sem nunca se abalar.

O CLUBE DAS QUATRO - Dos 155.826 servidores do Paraná, 59,53% são mulheres, uma maioria que, com pouca variação, se repete todo ano. Na Secretaria da Família e Desenvolvimento Social – em Curitiba e nos 22 escritórios regionais –, são 248 jovens e senhoras, sem contar as estagiárias.

A mais veterana é Regina. Em novembro ela chegará aos 76 anos de idade e passará a integrar um exclusivo clube, ao lado de apenas três servidoras de outras secretarias. São elas as únicas que já terão ido além dos 75 anos de idade. São quatro guerreiras que, mesmo aposentadas, continuam na ativa, ensinando os que chegam e dando seu exemplo de dedicação ao serviço público.

FAMÍLIA - Regina Amasiles Rodrigues Costa está há 33 anos no serviço público e nem lhe passa pela cabeça ir embora agora, mesmo com os beliscões que lhe dá a saudade dos seis netos – Gregório, agrônomo (26 anos), Ana Vitória, acadêmica de direito (20), Lívia (12), Lara (8), Ana Clara (7) e André (2 anos e 9 meses).

A memória perfeita pode percorrer cada detalhe de sua longa vida. Ela começa: “Nasci em Curitiba, estudei piano por 8 anos e me formei professora de inglês e francês.” Mas não foi para a sala de aula: “Durante 25 anos, fui instrutora do Senac, onde era responsável pela área da organização de eventos e cerimonial público e empresarial, até que tudo mudou.”

Em 1965, no primeiro governo Ney Braga, casada com o engenheiro Aramys Meyer Costa, com quem já tinha duas filhas (depois vieram um menino e mais uma menina), Regina seguiu o marido e foram todos para Campo Mourão, noroeste do Paraná, onde havia tudo a desbravar.

Aramys trabalhava no Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e assumira a tarefa de desenhar e executar a construção de estradas naquela região, onde ir de de uma cidade a outra era uma aventura. Gostaram tanto que por lá ficaram 30 anos. Aramys montou sua própria firma de engenharia e até uma fábrica de tubos de concreto.

VIDA PROFISSIONAL - Foi em Campo Mourão que Regina prestou concurso e assumiu o Centro de Triagem e Desenvolvimento Social e, mais tarde, o Núcleo Regional da Secretaria da Criança e Assuntos da Família. Tornou-se especialista em assistência social e viajou por todo o Paraná acompanhando o surgimento de conselhos estaduais e municipais da área.

Um salto no tempo: em 1996, durante um jantar em homenagem à então secretária da Criança e Assuntos da Família, Fani Lerner, Regina foi convidada pela secretária a retornar à capital. Os filhos já estavam, aos poucos, de mudança para Curitiba, preparando-se para o vestibular.

Regina e Aramys não titubearam e, logo, a família Costa estava de volta. Instalaram-se no Centro Cívico, perto da Secretaria da Criança. “Conosco veio uma moça que trabalhava em nossa casa em Campo Mourão. Irma (falecida há cinco anos) ajudou a cuidar das crianças e continuou cuidando deles. É a segunda mãe dos meus filhos”, diz.

O trabalho na Secretaria da Criança era puxado como o atual. Além de atender os conselhos, Regina cuidava do cerimonial da pasta e acompanhava a secretária Fani Lerner em viagens ao interior. “Bem no começo era apenas assistencialismo”, recorda, “mas logo se impôs uma ideia de transformação: tirar as pessoas de uma situação de vulnerabilidade e realizar de fato a tarefa de promoção humana”.

O que era um ideal dos pioneiros da assistência social se realiza hoje na Secretaria da Família e Desenvolvimento Social, avalia Regina. “Com o trabalho da secretária Fernanda Richa e sua equipe, caminhamos a passos largos na assistência social e na garantia de direitos”, diz. “Nossa missão é realizadora.”

DEDICAÇÃO - Regina estaria hoje cuidando dos netos e aproveitando a vida, pois foi aposentada compulsoriamente em 2011, ao completar 70 anos. No mesmo ano foi chamada a voltar, agora nomeada, por conta de sua expertise no trabalho com os conselhos.

“Não pensei duas vezes antes de voltar e aqui estou, só não sei até quando”, diz ela, que fala sem reservas da idade e da fragilidade da vida. “Meu filhos brincam que eu ainda virei trabalhar de bengala, mas enquanto Deus me der saúde, continuo por aqui. Desde que me queiram. Os mais velhos não têm a energia dos jovens, mas a experiência é valiosa. Só não sei até quando vou durar”, brinca.

Regina empunha o leme e toca o barco com altivez, pois energia não lhe falta. Antes e depois de sua jornada na Secretaria da Família e Desenvolvimento Social, ela cumpre suas missões domésticas. Vai e volta do trabalho dirigindo seu Fiat Uno, ajuda a cuidar do marido adoentado, supervisionando os cuidados e ministrando-lhe remédios, cozinha para os netos nos fins de semana, distribui conselhos bem maternais aos filhos Rita de Cássia (psicóloga e diretora da Penitenciária Feminina do Paraná), Carla Regina (assistente social), João Alfredo (engenheiro civil) e Ana Beatriz (enfermeira e coordenadora do curso da PUC).

Para quem quer dedicar-se à leitura, recomenda Chico Xavier, o médico americano Atul Gawande e a britânica Jojo Mayes. Dos filmes prediletos, vale citar “E o vento levou”, “Casablanca” e “Luzes da Ribalta”. A música da casa tem Ray Conniff, André Rieu, Frank Pourcel e os musicais da Broadway.

Mente e coração alimentados, nos fins de semana ela caminha, pedala e ainda visita a cachorrinha Fiona na casa da filha Rita de Cássia. É seu consolo. “Amo os animais e se pudesse enchia a casa com eles. Mas moro em apartamento”, lamenta.

Regina puxa o fio da vida toda e, aos 75 anos, não pede perdão por nada, mas agradece por tudo. “Não estamos aqui por acaso. Alguma missão está reservada para cada um de nós. Sempre quis fazer alguma coisa que servisse para os outros, que deixasse resultados positivos. Minha vida não passou em brancas nuvens”, analisa.

Ao ver o 8 de março, não se revela feminista de erguer bandeiras, mas mulher de construir pontes. “Na luta por seus direitos, as mulheres foram demonstrando competência para exercer qualquer profissão. São provedoras de lares e precisam ser respeitadas por isso”, ensina. Seu lado místico se manifesta em seguida: “Na alma da mulher, abriga-se a bondade do Senhor.”

A rainha amável Regina Amasiles Rodrigues Costa carrega uma espécie de epígrafe de seus 75 anos, uma frase de abertura do livro de sua vida. Deu seu tom e cor às palavras originais, que podem ser do palestrante Marcelo Salgado, do poeta gaúcho Mário Quintana ou de um terceiro ou quarto – não importa.

A amável Regina da SEDS repete e escreve com sua irretocável letra de professora: “Nascer é uma probabilidade. Viver é um risco. Porém, envelhecer é um privilégio, ainda mais servindo. Para mim, é sinônimo de plena realização.”

GALERIA DE IMAGENS